Sabem aquele nervoso miudinho que nos invade sempre que ouvimos algo que nos desagrada profundamente? Não me acontece muito, mas se existe algo que mais me faz abandonar este meu ar doce e tranquilo é ouvir comentários negativos acerca das pessoas que são mais novas do que quem os pronuncia. Normalmente, a clássica frase começa com "Esta malta nova de agora..." E pronto! Estas cinco palavrinhas que, isoladamente, são tão bem comportadas, quando se juntam nos meus ouvidos provocam-me tantos calafrios que me fazem ferver e aparecer esta Sofia mais ranzinza que (também) sou.
Acredito muito nas pessoas mais novas e sei de mil exemplos que os comprovam. Para não vos maçar, Conto-vos apenas dois.
Aeroporto de Lisboa, passageiros a postos para embarcar e uma senhora, na fila, com evidentes problemas de mobilidade, a tentar caminhar com a sua bagagem. Eu olhei para ela, mas só a vi quando um rapaz de vinte e poucos anos se aproximou e lhe ofereceu a preciosa ajuda que ela aceitou. Observei então à minha volta- éramos todos mais velhos do que o miúdo que agiu.
Há uns tempos, na minha escola, um professor caiu no intervalo e fez-se silêncio só cortado por pedidos de ajuda. Nem uma gargalhada, nem um " já é velhote", nem um nada- apenas preocupação e carinho.
Vão-me dizer que são exceções e eu nego. Eu e as pessoas da minha geração ( e mais velhos) não somos melhores, apenas crescemos em tempos diferentes.
Tenho este ano (e felizmente) alguns professores mais novos na minha escola- e é uma bênção. Não pensem que desvalorizo os mais antigos, com quem tanto aprendi, mas faz-me bem ver a sala de professores cheia de outras energias, gosto de lhes roubar ideias, de lhes ouvir opiniões, de lhes mostrar a minha solidariedade com os tempos tão difíceis que vivem sem se queixarem.
Há quem diga que eu aparento menos idade do que tenho, e eu penso que talvez seja por eu prestar mais atenção ao futuro do que ao passado. Se assim não fosse, como é que me levantava quando o despertador toca pela manhã?
Também penso assim! E pessoas más existem em todas as gerações.
ResponderEliminar