(É das minhas fotos preferidas- está desfocada, mas capta um momento que se estendeu... A minha mãe atenta aos meus passos.)
Lembrei-me da foto ontem e já vos digo porquê.
Eu e a minha irmã temos, como dizemos por graça, uma espécie de custódia partilhada sénior- a minha mãe fica uma semana em casa de cada uma e vai alternando. À quinta-feira, D. Matilde pega na sua sacola de medicamentos e troca de casa.
A maioria dos dias corre bem, mas há alturas em que rezingamos as duas. Ora porque ela quer que eu coma sempre sopa ao jantar e eu prefiro uma salada, ora porque ela insiste no vinagre na alface e eu detesto, ora porque ela põe nitrolusal nas minhas plantas de interior e eu não quero, ora porque ela não quer que o Miguel arrume a loiça na máquina ( "coitadinho do menino"). Temos as duas o nosso feitiozinho, mas nada de grave se passa e tem corrido bem.
Ontem, fomos à missa aqui na Maceira. Ao ar livre, D. Matilde não esqueceu o seu banquinho pois a missa é ao ar livre e cada pessoa deve levar algo para se sentar.
Estávamos a duas de pé e só tínhamos um banco. Na altura em que, de acordo com o ritual, os crentes se sentam, a minha mãe, quase 82 anos, sobrevivente de um cancro, olhou-me e disse:
- Não te queres sentar tu?
E não é preciso escrever mais nada. Numa pergunta, tudo dito.
Mãe é Mãe sempre, para elas estamos sempre em primeiro lugar.
ResponderEliminarBeijinhos.
O amo de mãe, nunca esmorece!
ResponderEliminarGosto sempre dos seus textos! Obrigada por continuar a escrever.
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