O nosso tempo - .

23 setembro 2019

O nosso tempo



Quando ouço alguém mais velho do que eu afirmar “no meu tempo é que era!”, percorre-me sempre um arrepio. Normalmente, sorrio e não entro em discussões. Já sei que me vão dizer que “no meu tempo é que era” porque se sabia todo os rios e os afluentes, se cantava de cor e salteado as estações e apeadeiros e a tabuada estava na ponta da língua.   Se eu respondesse teria de dizer que aos nossos alunos, atualmente, é exigido tanto saber que lhes falta tempo para subir às árvores, para se aborrecerem por não tem nada para fazer, para rasgarem as calças nos joelhos ou para irem até à cozinha e rasparem com o dedo o que sobrou de um bolo.
Atualmente, desde o primeiro dia que atravessam os portões da escola, às nossas crianças e jovens é exigido muito- programas extensos, conteúdos muito exigentes, provas de aferição que começam aos sete anos (e que por mais que lhes digam que não contam, lhes põem o coração aos pulos), testes a tantas disciplinas, o querer tirar boa nota no teste para não desiludir o pai ou o professor, a pressão dos exames…
Viver em escola hoje é difícil tanto para alunos como para os profissionais de educação. O tempo que é sempre pouco para programas curriculares exigentes, a voracidade que atropela, os paradoxos, as tecnologias sempre novas, crianças a precisarem de mimo e limites, os trabalhos de casa que são tantos, o professor  e o assistente operacional que nem sempre são  respeitados como deveriam. Por isto e por tanto, não gosto de ouvir “no meu tempo é que era”.  A escola de hoje é tudo menos fácil, há um  caminho que se percorre que nem sempre  se sabe ser o (mais) correto, mudanças de rumo que receamos, e há, repito-me, a falta desse bem precioso que é o tempo.  E contudo, eu tenho poucas dúvidas- na maioria das nossas escolas, o trabalho em prol dos alunos é sempre o que mais importa, independentemente do tempo que se esteja a viver.


3 comentários:

  1. Concordo em absoluto. As nossas crianças são massacradas diariamente com programas extensos e complicados, além de terem horários escolares demasiado pesados para a sua tenra idade.

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  2. Não podia estar mais de acordo contigo.
    Digo isto na perpectiva de Mãe de um adolescente que acaba de fazer 16 anos e iniciou o 11° ano. Tem corrido bem, mas, como costumo dizer, às vezes é "tirado a ferros" :)

    Beijinho
    Carla :)

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