Os filhos estão crescidos, e agora? #2 - .

18 junho 2019

Os filhos estão crescidos, e agora? #2

Quando comecei a escrever por aqui tinha 39 anos, dois filhos pequenos na altura com 4 e 8 anos e tinha muitos dias em que me apetecia congelar o tempo, quase com receio que eles crescessem ...Todos os dias eles tinham coisas para me contar, era raro o dia em que não me abraçassem, pediam ajuda, diziam que precisavam de mim...

Dez anos depois, sou eu que procuro mais os seus abraços, ofereço a ajuda que eles pedem cada vez menos, pergunto muito por novidades, repito vezes sem conta que estou presente para o que for preciso...

O Gonçalo já votou pela primeira vez e passa muito do seu seu tempo em Lisboa, o Miguel vai para o Secundário e entre escola, treinos de futebol e amizades especiais, não lhe sobra muito tempo, o Luís não está tantas vezes por perto como gostaríamos (no mínimo uma vez por mês estamos juntos) e eu dou por mim com tempo.

Sim, tenho mais tempo para mim. Há uns anos pensei que tal me pudesse entristecer, mas confesso que me tem sabido muito bem. Nunca vi tantos filmes e séries como agora (não tenho saudades do tempo em que a televisão estava sempre no Canal Disney ou similares), leio os livros que quero à noite em vez das histórias infantis que lhes lia, na praia posso fechar os olhos na toalha sem receio que eles desapareçam, saio de casa e eles já podem ficar sozinhos (pronto, aqui confesso que ainda lhes vou mandando mensagens para saber se está tudo bem)e, como tenho tido mais tempo para mim, tal  tem me ajudado a descobrir a mulher que sou.

Quando estou mais triste (ou só) tenho duas ou três amigas que me conhecem, que me sugerem um filme ou livro e me fazem sair de casa, mas a maioria das vezes dou por mim a saborear tempo que nunca tive e a fazer o que muitas vezes receei fazer sozinha- ir até à praia ou ao cinema, por exemplo.

Falta um ano para os cinquenta, sinto-me serena e aceito o que a vida me dá, mas não desisti dos meus sonhos. Cuido de mim, procuro ser uma pessoa melhor, estou atenta e continuo a ser uma mãe preocupada (ainda um bocadinho ansiosa demais), mas sinto-me hoje mais próxima da mulher que sempre quis ser. Se corre sempre tudo bem? Claro que não. Se corresse,  a vida não teria a menor graça!



1 comentário:

  1. "E agora", Sofia?
    Agora, é tempo de conjugar o verbo que a cada um convier. E souber, na certeza de que cada um tem o seu papel e o seu ritmo. Cada um com o seu tempo, absoluto, feito de muitos tempos, como sinfonia de vários andamentos. A mesma pauta, os mesmos símbolos, mas de sensibilidades e interpretações diferentes.
    Fundado cada um na certeza de que aquilo que sou é aquilo que fui, pelas coisas que fiz e pelas que não fiz, tudo faço para ser feliz.
    Não faltem braços-asas de voar e amar. A mim, a ti e a todos os teus.
    Beijo.

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