Quando ouço alguém afirmar que nas escolas “antigamente é que era" percorre-me sempre um arrepio.
E se antes sorria e não entrava em discussões, agora dificilmente consigo não dizer o que penso.
Quando andei na escola primária, os alunos com dificuldades saíam da sala, iam fazer recados às professoras ou eram esquecidos.
Quando andei na escola primária, havia régua e bofetadas para quem errasse. Havia medo e não respeito. E, por favor, não me digam que assim é que se aprende. Tenho trinta anos de ensino e dá- me vómitos imaginar- me a bater a um aluno meu.
Quando eu acabei a escola primária, em1980, a maioria das minhas colegas de escola foi aprender costura e não foi muito além do sexto ano.
Quando fui para o Liceu, na década de 80,os alunos que apanhavam o autocarro não se sentavam em certos bancos do Pátio e ser filho de senhor doutor era valorizado como já não vejo ser (quero muito acreditar que só uma minoria de professores o continua a fazer).
É muito melhor a escola de hoje, um espaço aberto à comunidade, que integra, que olha para cada aluno e que o respeita.
Posso escrever mil coisas mais que mostram como é indiscutivelmente melhor a Escola de hoje. Hoje, 13 de janeiro de 2024, em que acabo de ver um líder de um partido a dizer que mal chegue ao governo promete cortar todos os subsídios às associações que promovam "ideologias de género e a igualdade de género" e outras coisas que me deixam enojada.
Penso nos tantos alunos que tive, nas dúvidas que os assaltam, na especificidade de cada um e os meus olhos inundam- se. Como é que será a Escola se esse partido chegar ao poder?
Preciso de acreditar que não chegará.
A Escola de hoje é ainda imperfeita, mas é livre. E não podemos mesmo voltar atrás.
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