Os rankings, a minha escola e eu - .

10 julho 2022

Os rankings, a minha escola e eu



A minha primeira escola foi a agora chamada Escola 1º ciclo de Cavalinhos- a mesma escola onde andaram os meus filhos e que pertence ao Agrupamento de Escolas Henrique Sommer (que os meus dois filhos frequentaram do pré-escolar até ao Ensino Secundário).

Leciono também, há vinte e cinco anos, nesse Agrupamento, por isso, não vão ao engano- sou suspeita, muito suspeita.
 Sei igualmente que os rankings valem o que valem e, a maioria das vezes, nem refletem o tanto trabalho que as escolas com meios fragilizados desenvolvem.  Todavia, hoje, só hoje, e (também) como presidente do Conselho Geral do Agrupamento de Escolas Henrique Sommer, deixem-me dar os parabéns à Comunidade Educativa de Maceira. Que feito!

É que eu sei das horas infindáveis que os elementos da Direção passam na escola ( e aqui é impossível esquecer a cara da instituição- o professor Jorge Bajouco), sei dos cabazes de alimentos que os assistentes operacionais preparam para ajudar famílias de alunos, das sapatilhas que os professores compram quando se apercebem que há um aluno que necessita, das moedas que se dão, sem que ninguém perceba, para que um aluno compre um gelado na visita de estudo, sei dos assistentes operacionais que cuidam dos alunos com condições médicas especiais e que sabem quando alguém não almoça, sei dos meninos que recebemos quando outros fecham portas…  Sei do tanto que trabalha a maioria dos professores (principalmente  do secundário) e sei, sobretudo, dos alunos que  tanto se esforçam para dar o seu melhor.

- A minha professora merece que eu tire uma boa nota, mãe- disse-me o meu Miguel num dos dias em que estudava Matemática para ir fazer o exame nacional. 
Dir-me-ão que é descabido, mas acreditem que eu percebo a frase. Ele reconhece o esforço dos professores que não desistem. E acho que os nossos alunos são um bocadinho assim- querem agradecer a quem neles acredita, a quem lhes diz “Tu consegues!”. E eles conseguem.

- Eu nunca poderei ir a Amsterdão, mas quero que a minha filha vá e depois me conte- ouvi eu.

E esta frase diz muito dos pais dos alunos  da escola. Pais que, na sua maioria, querem que os filhos tenham mais oportunidades que as que lhes couberam e que confiam na escola da sua terra- “uma Escola-Família”como lhe chama o Jornal Público.
Repito, este texto é tudo menos imparcial e, para o ano, o mais provável é que os resultados não sejam estes… Contudo, este é o "momento- agora" e a Escola-Família Henrique Sommer está de parabéns.

Se somos perfeitos? Longe disso- poderia enumerar aqui muitas fragilidades, a começar pelo Parque Escolar envelhecido e que não oferece aos nossos alunos as condições que as escolas “da cidade” têm, pelos professores e assistentes operacionais que começam a faltar…  Somos uma escola imperfeita, como as famílias que conheço, como a minha. Contudo, nas nossas imperfeições sabemos- o único caminho perfeito é o que não nos faz baixar os braços!

Fui sempre aluna de escolas públicas e os meus filhos também o são. Sei que o caminho é longo, mas sei que a Escola Pública é a única oportunidade que muitos terão para mudar o destino. Aconteceu-me a mim.

Link reportagem RTP

Link do Jornal Público
(disponível só para assinantes)

2 comentários:

  1. Sofia, Sempre fui aluna de escola publica e os meus filhos também o são. Eu nunca teria oportunidade de estudar se assim não fosse.
    É verdade que o caminho a percorrer é grande, mas não se pode desistir e nem se pode comparar o incomparável, publico vs privado. São realidade completamente distintas a começar no básico, alunos que por vezes a única refeição que comem no dia é a que a escola fornece.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Verdade. Infelizmente é verdade. Beijinhos e obrigada pelo comentário

      Eliminar