Tirei esta foto ontem. Estava a começar a subir este caminho que fica num dos lugares mais bonitos da minha aldeia, quando a memória voltou... Aconteceu há quase vinte anos, mas volta sempre que vou à Fontinha.
Era julho do ano 2000 e não sei qual foi o acontecimento, mas sei que estava bastante gente da minha aldeia e que talvez decorresse um piquenique, uns festejos...Não consigo precisar bem, mas por outro lado, recordo com todos os pormenores que os homens estavam para um lado e eu estava fascinada a ver as mulheres a fazerem um teste com uma agulha em que se adivinhava quantos filhos iriam ter e o respetivo sexo.
Eu estava a um mês de ter o Gonçalo, resolvi abrir também a minha mão e deixar que me fizessem o Teste da Agulha- aí se veria quantos filhos iria ter (seria até a agulha parar) e o sexo dos bebés (se a agulha fizesse círculo seria rapariga, se andasse em linha recta, não haveria dúvida que seria rapaz).Tinha batido certo com todas as mulheres. Certamente que comigo também não falharia- e eu sempre ouvira dizer que há coisas que não se explicam.
Mão aberta, lá começou a agulha: primeira vez, um círculo perfeito; segunda vez, a agulha de forma vertical. E parou. Duas vezes e parou.
Fiquei arrepiada e disse que não poderia ser. A agulha enganara-se! Eu estava à espera de um rapaz e não de uma menina!
A resposta que se seguiu, gelou-me:
- Ah! a agulha está certa. A primeira vez foi uma menina e foi o bebé que perdeste. A segunda é agora, o rapaz que estás à espera.
Talvez tenha sorrido, sei que não disse nada e comecei a subir o caminho. Estava pesada, inchada, mas sentia-me com uma estranha força que me fez fugir dali e só parar quando ao lado vi o Luís, de carro, a abrir a porta para eu entrar.
Entrei. E desabei. E procurei esquecer.
Nunca esqueci, mas tenho um especial agrado em ver que o mistério da agulha não bateu certo comigo.
Nesse dia, aprendi duas coisas: a não dar muita importância a superstições (ainda tive mais duas gravidezes e de uma resultou o Miguel) e que, mesmo que os Xutos o cantem, a vida não é sempre a perder!
Olá Sofia já sigo o blog há algum tempo e fico feliz não pelo que te aconteceu mas por começares a falar mais das perdas. Eu também passei por uma perda (eram 3), e hoje tenho um menino que melhor do que podia pedir, mas acho que as pessoas tentam esconder quando acontece, só depois de perder e que começaram a multiplicar se histórias semelhantes á minha volta. Acho mesmo que as mulheres têm que deixar o complexo e o sentimento de culpa. Parabéns por falares nisto mais vezes e de forma natural.
ResponderEliminarQuerida Carla, agradeço tanto por me ler.
EliminarUm abraço bem apertado.
O teste é falso mas a fotografia é linda.
ResponderEliminarAcreditar no teste da agulha é o mesmo que dizer: vou jogar no euromilhões e vou ganhar o primeiro prémio.
Há a probabilidade de acertar, mas isso é tão difícil, tão difícil... que é quase improvável
As fézadas são para quem não acredita em si.
Tu acreditaste.
Beijo.
Meu amigo, Obrigada.
EliminarEssas superstições ou crendices quase nunca dão certo
ResponderEliminarAs pessoas ficam propensas a crer quando há uma coincidência
Beijinhos e sorrisos
Beijinhos e obrigada.
EliminarCuide de si.
Beijinhos, Gracita-comentei com o perfil do meu filho (se ele sabe:)
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