A minha cabeça despassarada diz-me sempre que os momentos maus não duram para sempre. Que apesar da tristeza que pode assolar as nossas vidas, teremos sempre momentos felizes em que podemos chorar, mas não de tristeza.
Nestes dias de quarentena, nem sempre é fácil escolher o que melhor nos faz. Sou normalmente uma pessoa positiva, mas o meu coração anda, como os da grande maioria, envolto numa camada de preocupação que, por vezes, parece que me tira o fôlego. No entanto, apesar desta aflição, recuso-me a ser azeda e a viver em agonia. Socorro-me de frases feitas se preciso for, ponho música mais alta por vezes, enrolo-me numa manta quentinha a ouvir Tracy Chapman, fico em silêncio no meu quarto a olhar para nada, faço filmes na minha mente, rio-me com o que os meus miúdos fazem à cabeça da minha pobre mãe, inspiro e expiro antes de resmungar e sinto que vivo, não um dia, mas uma hora de cada vez.
Respiro. Respiro fundo. Respiro ainda mais fundo. Anda um vírus à solta lá fora que nos assusta, mas estou saudável e acredito que ainda tenho muitos dias felizes à minha espera.
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