A festa do Sagrado, os cinquenta e uma miúda a crescer - .

28 outubro 2019

A festa do Sagrado, os cinquenta e uma miúda a crescer


Na sexta-feira, fui à reunião de todos os que nasceram em 1970 em Maceira- manda a tradição que quem faz cinquenta anos organizará as festas do Sagrado Coração de Jesus na freguesia onde moro.
Já não era a primeira reunião, mas foi a primeira em que tive disponibilidade para estar presente.
Sentei-me e observei. Caras conhecidas, outras que não sabia terem a minha idade, pessoas que andaram comigo na primária e na catequese, pais de antigos alunos, alguns amigos. Custou-me um bocadinho reconhecer-me, mas sei que mesmo me esquecendo muitas vezes, eu sou igual a eles nas rugas, nos cabelos brancos, no cansaço que espreita quando o dia já foi longo (julgamos que parecemos sempre mais novos do que somos realmente, não é?).
Foram três horas de reunião em que se discutiram cores, símbolos, bandas musicais, eventos e tanto trabalho que nos espera. Eu falei pouco e, talvez porque as pessoas estivessem à espera que eu fosse mais interventiva, houve até quem pedisse um colchão para eu dormir- se eu estava tão calada, só poderia estar cheia de sono.

Não era sono. Estive mais silenciosa porque reconheço que há quem perceba do assunto muito mais do que eu. Estive calada, porque queria ouvir. Estive calada porque os últimos anos me fizeram crescer de uma maneira que me faz não estar sempre tão preocupada em fazer, em querer ajudar, em querer resolver tudo...
Estou mais  tranquila, penso mais antes de falar, tenho menos vontade de fazer festa, mas  sei melhor o caminho que quero seguir (mesmo sabendo que amanhã pode ser outro).

Serão os cinquenta? Não sei, mas enxergo agora que sou mais feliz hoje do que quando gargalhava mais alto, do que quando me empenhava para divertir todos os que estivessem à minha volta. Talvez, quando o fizesse, fosse por não gostar tanto de mim como gosto agora. 

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