Na
sexta-feira, fui à reunião de todos os que nasceram em 1970 em Maceira- manda a
tradição que quem faz cinquenta anos organizará as festas do Sagrado Coração de
Jesus na freguesia onde moro.
Já não
era a primeira reunião, mas foi a primeira em que tive disponibilidade para
estar presente.
Sentei-me
e observei. Caras conhecidas, outras que não sabia terem a minha idade, pessoas
que andaram comigo na primária e na catequese, pais de antigos alunos, alguns
amigos. Custou-me um bocadinho reconhecer-me, mas sei que mesmo me esquecendo
muitas vezes, eu sou igual a eles nas rugas, nos cabelos brancos, no
cansaço que espreita quando o dia já foi longo (julgamos que parecemos sempre
mais novos do que somos realmente, não é?).
Foram
três horas de reunião em que se discutiram cores, símbolos, bandas musicais,
eventos e tanto trabalho que nos espera. Eu falei pouco e, talvez porque as
pessoas estivessem à espera que eu fosse mais interventiva, houve até quem
pedisse um colchão para eu dormir- se eu estava tão calada, só poderia estar
cheia de sono.
Não era
sono. Estive mais silenciosa porque reconheço que há quem perceba do assunto
muito mais do que eu. Estive calada, porque queria ouvir. Estive calada porque
os últimos anos me fizeram crescer de uma maneira que me faz não estar sempre
tão preocupada em fazer, em querer ajudar, em querer resolver tudo...
Estou mais tranquila, penso mais antes de falar, tenho menos vontade de fazer festa, mas sei melhor o caminho que quero seguir (mesmo sabendo que amanhã pode ser outro).
Serão os
cinquenta? Não sei, mas enxergo agora que sou mais feliz hoje do que
quando gargalhava mais alto, do que quando me empenhava para divertir todos os
que estivessem à minha volta. Talvez, quando o fizesse, fosse por não
gostar tanto de mim como gosto agora.
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