O que diria eu à adolescente que eu fui? - .

04 julho 2019

O que diria eu à adolescente que eu fui?


abril de 1987


junho de 2019

Há dias, quando recebi duas fotos minhas que uma aluna finalista do 12º ano me enviou, tiradas na linda festa que foi o Baile de Finalistas do secundário da minha escola, senti, confesso já aqui, uma pontinha de orgulho pelo percurso que tenho feito. E não tem nada a ver com estar bonita ou mais magra, tem a ver com segurança e confiança. 

Senti também que tinha de partilhar com quem me lê (principalmente com as mulheres mais novas) que eu nem sempre fui assim.

É que a  mulher que sou hoje nada tem a ver com a Sofia de dezassete anos, ou mesmo com a mulher que eu fui durante muito tempo. Sempre disfarcei muito bem, mas lidar com a minha imagem nunca foi tarefa fácil. Acho que tudo começou quando vi que as minhas colegas cresciam em altura e eu me ficava pelo metro e meio. Foi difícil para mim e penso que foi aí que eu passei a esconder as minhas formas, a vestir-me sempre como uma menininha, a vestir a pele da Sofia fofinha que nunca quis ser.

Depois, o caminho. Ser a professora baixinha que se confundia com os alunos, usar sapatos altos para "crescer"(continuo a amar sapatos altos), disfarçar o corpo e esconder as formas que me faziam mulher. Houve, contudo, um clique (há sempre, não é?).

Um dia, talvez há cerca de três anos, decidi que eu ia centrar-me em mim e assumir-me. Sou baixinha, e daí? Comecei a prestar mais atenção ao meu corpo, a cuidar-me, a não recear marcar a cintura, a não ter receio de mostrar os braços (estupidez pura sei-o hoje, mas durante anos não os mostrei),  a vestir saias curtas sem ser com collants opacos, a não fugir de cores ou padrões mais coloridos.

É claro que tenho dias de neura (ui!), mas a maioria das vezes não receio usar uns jeans justos com uma blusa por dentro (durante anos a minha imagem de marca foi calças com túnicas por fora ou vestidos de corte direito) ou um vestido mais feminino.

 Tem sido um caminho. É um caminho. Um caminho que me trouxe confiança e segurança e que me faz ser mais aberta ao mundo e mais luminosa, talvez.

Este post não é uma busca de elogios, juro. É apenas para dizer que é possível ser mais feliz com o corpo que temos, aceitá-lo e seguir. Penso é que passa, sobretudo, por aceitar quem somos, ouvir só quem interessa e nos quer bem. E se para umas pessoas a imagem que projetam quando se vestem não interessa, está tudo bem. Contudo, para mim, vaidosa desde que me lembro, a imagem sempre me preocupou  e me fez muitas vezes infeliz.

Se eu tivesse a possibilidade de dar conselhos à adolescente que eu fui, dir-lhe-ia que as suas características físicas não a definem, que ouvisse quem realmente a ama, que não tivesse medo de mudar se o quisesse. Que mudasse sempre por si e não pelos outros. E que a luz e a força que tinha dentro dela ( mesmo que por vezes tivesse de a procurar) iria ser sempre o mais importante.

Aceitação. Mudar se o quisermos. Crescer (sem ser em altura)!





7 comentários:

  1. Aceitar quem somos e como somos é meio caminho andado para tudo. Já não podemos voltar atrás, mas felizmente temos segunda oportunidade com os filhotes, de lhes mostrar aquilo que não soubemos ver.

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  2. Isso mesmo. Um grande beijinho

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  3. todas tivemos ( e muitas ainda temos) esse tipo de problemas com o corpo. Eu sempre me achei gorda e, pronto, sempre com blusas ou túnicas bem compridinhas para me taparem o rabo... até que deixei de me preocupar, mas foi difícil..
    Bem, mas o mais difícil; o maior problema era a altura, mas ao contrário de ti, Sofia!!! Eu era sempre a maior e toda a gente me chamava Torre Eiffel; só tinha vontade de me esconder! Vivia angustiada.... até que deixei de me importar. Percebi que, afinal, era fixe ser grande, nem precisava de saltos altos... Agora sei / todas sabemos que não é relevante ser grande ou pequeno; a "alma" é que conta!!!

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    1. Obrigada por acrescentares. É por comentários como os teus que vale a pena escrever no blogue.
      Um grande, grande beijinho

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  4. Olá,
    Está muito bonita. Posso perguntar-lhe de onde é este vestido?
    Maria C.

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    1. Olá,o vestido é da Dixie, mas da coleção do ano passado. Beijinhos

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  5. Obrigada! bjs

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