Medo de
não ser boa mãe, medo de não ser boa professora, medo de não ser boa amiga,
medo de não ser boa filha, medo de viajar sozinha e deixar os meus filhos, medo(s)...
Como tenho a plena noção de que estes medos condicionam a minha
vida e o ser mais feliz, tento sempre superá-los. No
mês passado, por exemplo, tive de ir em trabalho a Barcelona e deixar os meus
filhos por uma semana. Gosto muito de viajar, sei que me faz bem, que aprendo imenso, mas custa-me sempre. A
grande culpa é do medo e dos “ses”. E se acontence algo ao Miguel e eu não
estou? E se a minha mãe adoece? E se o Gonçalo precisa de mim? E se o avião
cai?
Chateia-me esta minha mania, mas assumo-a e tenho sido capaz de a controlar. Afinal, quem é que eu me julgo para achar que posso controlar tudo e todos? Que poderes tenho eu para prever o que vai acontecer? Por que motivo é que, por vezes, eu faço filmes de terror que só acontecem na minha cabeça?
E há também uma frase que eu repito mentalmente e que me tem ajudado. É uma
frase que o meu pai me disse quando um dia eu lhe confessei que estava receosa
por ir viajar e deixar os miúdos. Lembro-o
com nitidez, sentado no seu cadeirão, com as pernas imobilizadas, a
questionar-me ” Mas tens medo de quê, Sofia?". Só isto. Uma
pergunta simples como ele, mas que estava repleta de incentivos: vai e vê o que
eu já não posso ver, vai que a vida é um fósforo, vai que quem te ama não te
esquece.
"Mas tens medo de quê, Sofia?". Fecho os olhos e consigo vê-lo perfeitamente, sentado
no seu cadeirão, a olhar para mim, a sorrir com os olhos, a incentivar-me a não
ter medo de ser feliz. E, de mansinho, o medo vai ficando pequenino até eu ser capaz de o ultrapassar.
Sofia, eu, medricas me confesso: tenho medo de andar na auto-estrada, dado o elevado número de carros e o excesso de asneiras que vejo, tenho medo de andar de avião, tenho medo de perder a saúde (eu ou alguém muito próximo) e com isso perder qualidade de vida... Mas convivo bem com eles: viajo pouco (para longe) e isso não me faz falta, porque sou infinitamente feliz no meu casulo. Só me atormenta a saúde, porque nem tudo depende de nós, embora tenha hábitos saudáveis e uma alimentação saudável é sempre com alguma insegurança que olho para o dia de amanhã. Contudo a minha veia otimista e divertida evita que perca tempo a pensar no que não devo. Viver com tranquilidade, e aproveitar para ser feliz, nem que seja um bocadinho todos os dias é a minha "receita". :)
ResponderEliminarBeijinho cheio de forças!
Que bom este comentário. Obrigada por tanto. Beijinhos
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