Medo de quê, Sofia? - .

21 fevereiro 2019

Medo de quê, Sofia?



Medo de não ser boa mãe, medo de não ser boa professora, medo de não ser boa amiga, medo de não ser boa filha, medo de viajar sozinha e deixar os meus filhos, medo(s)...
Como tenho a plena noção de que estes medos condicionam a minha vida e o ser mais feliz, tento sempre superá-los. No mês passado, por exemplo, tive de ir em trabalho a Barcelona e deixar os meus filhos por uma semana. Gosto muito de viajar, sei que me faz bem,  que aprendo imenso, mas custa-me sempre. A grande culpa é do medo e dos “ses”. E se acontence algo ao Miguel e eu não estou? E se a minha mãe adoece? E se o Gonçalo precisa de mim? E se o avião cai?
Chateia-me esta minha mania, mas assumo-a e tenho sido capaz de a controlar. Afinal, quem é que eu me julgo para achar que posso controlar tudo e todos? Que poderes tenho eu para prever o que vai acontecer? Por que motivo é que, por vezes, eu faço filmes de terror que só acontecem na minha cabeça?

E há também uma frase que eu repito mentalmente e que me tem ajudado. É uma frase que o meu pai me disse quando um dia eu lhe confessei que estava receosa por ir  viajar e deixar os miúdos. Lembro-o com nitidez, sentado no seu cadeirão, com as pernas imobilizadas, a questionar-me ” Mas tens medo de quê, Sofia?". Só isto. Uma pergunta simples como ele, mas que estava repleta de incentivos: vai e vê o que eu já não posso ver, vai que a vida é um fósforo, vai que quem te ama não te esquece.

"Mas tens medo de quê, Sofia?". Fecho os olhos e consigo vê-lo perfeitamente, sentado no seu cadeirão, a olhar para mim, a sorrir com os olhos, a incentivar-me a não ter medo de ser feliz. E, de mansinho, o medo vai ficando  pequenino até eu ser capaz de o ultrapassar.

2 comentários:

  1. Sofia, eu, medricas me confesso: tenho medo de andar na auto-estrada, dado o elevado número de carros e o excesso de asneiras que vejo, tenho medo de andar de avião, tenho medo de perder a saúde (eu ou alguém muito próximo) e com isso perder qualidade de vida... Mas convivo bem com eles: viajo pouco (para longe) e isso não me faz falta, porque sou infinitamente feliz no meu casulo. Só me atormenta a saúde, porque nem tudo depende de nós, embora tenha hábitos saudáveis e uma alimentação saudável é sempre com alguma insegurança que olho para o dia de amanhã. Contudo a minha veia otimista e divertida evita que perca tempo a pensar no que não devo. Viver com tranquilidade, e aproveitar para ser feliz, nem que seja um bocadinho todos os dias é a minha "receita". :)
    Beijinho cheio de forças!

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    1. Que bom este comentário. Obrigada por tanto. Beijinhos

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