Arcos de Valdevez, agosto 2020
Fiz cinquenta e dois anos no dia 1de junho. Começou bem o dia- tirei um vestido do armário, iluminei a pele, li algumas mensagens que tinham chegado e saí de casa.
Mentiria era se dissesse que foi um dia muito feliz. Esforcei-me por valorizar as palavras que chegaram, os abraços que recebi, os parabéns cantados pelos meus alunos, mas acabei o dia com uma sensação de aperto.
Gosto muito de fazer anos, mas o facto do Luís não ter conseguido viajar, do Gonçalo estar a tantos quilómetros, de saber de duas grandes amigas com problemas de saúde, não me deixou celebrar.
Tentei agarrar-me ao tanto de bom que tenho à volta, mas não encontrei a leveza que precisava. Ele há dias assim e, eventualmente, foi coincidência ser o dos meus anos.
Não gosto de me queixar, mas por vezes faço-o.
Faço-o hoje, aqui neste meu diário, para lembrar a mim e a quem lê que há dias em que nos sentimos nublados por mais que o sol nos queime a pele.
Não estamos os quatro juntos desde janeiro e parece que agora, que já só faltam dezessete dias para eu ouvir o Gonçalo chamar-me "Senhora, minha mãe" e colocar o hino do Sporting mais alto do que as canções que gosto de ouvir, o tempo passa ainda mais devagar.
Não me sinto deprimida, apenas com saudades. E sei, contudo, que tudo está bem. Camilo Castelo Branco escreveu que "a saudade pelos vivos é dor suave" e eu sei a sorte que tenho por a minha ser assim.
Adorei o teu texto, é que me revejo também por vezes a sentir essa dor suave e nostálgica. Tem dias assim!!
ResponderEliminarTem... Beijinhos
EliminarUma dor doce, Sofia, essa saudade de ao pôr a mesa ter lugares por preencher...
ResponderEliminarBeijo amigo.
Logo, logo… estarão todos juntos e aí não vão faltar motivos para celebrar !
ResponderEliminarMuita força!
Beijinhos!
EliminarBom dia, Sofia
ResponderEliminarParabéns pelo seu aniversário, que Deus continue te abençoando, desculpe o atraso. Tem dias difíceis, mas é bom saber que eles passam e o sol volta a brilhar. Um forte abraço.