Filha da mãe #1 - .

16 dezembro 2019

Filha da mãe #1


A minha mãe vive desde setembro em casa da minha irmã e na minha. Uma semana em casa de cada uma, quase como se fosse uma custódia partilhada em versão sénior.
Um dias corre muito bem, outros dias fico com os nervos à flor da pele por ela ser a dona do comando, há dias em que me sabe a ouro ter a companhia dela e outros em que peço baixinho que ela se cale um bocadinho.

Para quem pergunta por que motivo ela vive connosco, eu explico- desde que o meu pai morreu ela detestava ficar sozinha na casa enorme que com ele construiu e, como felizmente eu e a minha irmã temos casas com quartos suficientes para ela viver connosco, foi algo natural que aconteceu.

Sei que para ela também não deve ser fácil...Então eu que tenho o meu feitiozinho e gosto de ter tudo arrumado à minha maneira... Se discutimos? Às vezes. Por causa das canecas que ela quer guardar mesmo se lascadas (ai filha, nunca se sabe se podemos vir a precisar), por causa das varandas onde nascem novos vasos todos os dias, porque ela amua se eu tiro do canal 1 ... Tento pôr-me muitas vezes no lugar dela, mas quero crer para mim que as relações entre mães e filhas são sempre um bocadinho mais ariscas do que com os pais...

Contudo, tem corrido melhor do que eu imaginara. Há um laço que nos une feito de amor que nos faz relativizar muita coisa e eu hoje estou mais crescida, talvez.

Tudo isso e a foto de uma jarra de flores cá de casa para vos contar apenas isto. No sábado, fui com ela apanhar bagas vermelhas para colorir as jarras. Levei uma faca e preparava-me para cortar algumas hastes quando ela, depois de me ter dito que uma tesoura era bem melhor, me impôs:
- Dá cá que eu corto. O arbusto está cheio de espinhos e tu ainda te picas.

A lição é clara. Não importa a idade que as mães ou os filhos têm, as mães (e o pais) quererão sempre proteger os seus filhos dos espinhos que a vida tem.

1 comentário:

  1. Verdade, nem sempre são fáceis, parece que eternamente lutamos pelo nosso lugar na maioridade mas elas não nos deixam... sabe tão bem que irrita, mas o melhor de tudo é ainda as termos cá!

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