Viver em aldeia, a homossexualidade e o verbo descomplicar... - .

10 junho 2014

Viver em aldeia, a homossexualidade e o verbo descomplicar...

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Eu vivo numa aldeia pequena desde os meus quase quatro anos, quando voltei de França. Mais tarde, vivi cinco anos fora, em Viseu e Góis, mas voltei. Não foi nada planeado... Calhou assim.
No entanto, algo que eu sempre aprendi é que é preciso saber viver numa aldeia. Melhor, alguém como eu, senhora de seu nariz e com feitio algo enviesado, precisa de saber viver numa aldeia e continuar sempre a lutar por ter horizontes abertos.
Vem esta conversa a propósito de, há uns meses, termos recebido cá em casa um grande amigo holandês. Ele costuma ficar cá em casa quando vem com os alunos e eu costumo ficar em casa dele quando me desloco à Holanda. Nunca houve qualquer problema e o Luís e eu sempre nos habituamos a receber amigos nossos estrangeiros. Mas, este ano, o Luís não estava por cá...

A minha mãe estranhou e mesmo que eu lhe dissesse que não se importunasse, que eu sou fiel, que ficasse descansada que o Pieter é homossexual e não tem nenhum interesse por mulheres, ela insistia que era melhor ela ficar a dormir no sofá. Mas não dormiu. 

Pois agora, eu e o Miguel ficámos em casa do Pieter, na Holanda. O Miguel conhece o Pieter há anos, mas foi a primeira vez que conheceu o seu companheiro. Dizia-me o meu pequenino que era estranho ir conhecer o companheiro do Pieter e, mesmo quando eu lhe repetia que era normal, que ele até via que na novela existia um casal homossexual, ele continuava a dizer que era estranho ver assim um casal "na vida real".

Contudo, mal entrou em casa do Pieter, a conversa da estranheza parou. Nunca mais se falou do assunto. E eu fico feliz por saber que, mesmo que o Miguel viva numa aldeia pequenina, tem horizontes abertos e encara a homossexualidade como deve ser encarada: algo normal.

7 comentários:

  1. Ah valente! Valente e corajosa! Deviam todos pensar assim... as crianças aprendem a respeitar a "diferença," assim o sintam da nossa parte.
    O mais importante está dentro de nós, a pessoa que somos, independentemente da crença religiosa, da cor política, do clube de futebol, do sexo... enfim, estaria aqui a tarde toda a "redizer" o que já todos nós sabemos (ou devíamos saber)!
    Beijinho e força, sei que nesse meio não é fácil, nasci e vivi numa aldeia e sei bem os preconceitos com que fui educada... ainda bem que "cresci"! :)

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  2. As mentes pequenas por vezes diminuêm a nossa, mas felizmente lá vamos caminhando pelo percurso mais simples, porque deveremos tentar viver e deixar viver, esse sim é um lema importante! Já sou fã do blog. Bjito!!

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  3. Assim é que é!
    Ainda há muitas mentalidades a serem mudadas. O problema é que as pessoas tem medo do desconhecido e comentam e criticam.

    Beijinho e bem haja

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  4. Tão bom estarmos a caminhar, ainda que lentamente, para um mundo mais tolerante à diferença!
    http://vidademulheraos40.blogspot.pt/

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  5. gosto sempre muito de te ler, mas amei este post! grande mãe!
    Beijo

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  6. Olá Sofia :)
    Já vivi numa aldeia e para mim o choque foi grande, porque cresci no anonimato :) Mas tens razão aprende-se a viver e a lidar com os meios pequenos e a melhor política é mesmo levar a nossa vida de acordo com os nossos valores :) E o da igualdade parece-me um dos mais importantes :) :)
    Gostei muito de te conhecer!!
    Beijinho
    Teresa

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